Em seu primeiro livro de contos, Milton Ravagnani imerge nos sentimentos mais profundos da pessoa, descrevendo personagens que raramente falam, mas exprimem suas angústias, inquietações e dores de forma arrebatadora. Personagens, aliás, em sua maioria sem nomes. E mesmo sem falas diretas ou nomes, expressam com extrema assertividade suas pulsões de afeto e rejeição.

O Mergulho e outros contos relata desencontros, exprime incompreensões, desejos frustrados e efemérides que, de tão sutis e quase imperceptíveis, derivam para rompimentos indesejados. Uma espécie de efeito borboleta que desencadeia desacertos. Consegue com isso buscar nas reminiscências mais escondidas o exato ponto de clivagem que desconstrói relações.

É, como no poema de Allen Ginsberg, o uivo de dor de almas destroçadas pela incompletude. De uma necessidade de encontros que desmoronam em detalhes quase banais. É, sobretudo, um mergulho na alma humana.